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Foto do escritorVinicius Fernandes

A vida sem likes


Quantos seguidores você tem nas suas redes sociais? Quantas curtidas em cada postagem? Quando a gente posta uma foto no Instagram, ficamos ávidos esperando as curtidas chegarem, e se vierem com comentários, melhor ainda, não é? Estamos vivendo numa era onde um dos maiores protagonistas é o engajamento. Fala-se muito no tão badalado marketing digital hoje em dia, não é? Criar uma presença online, seja pessoal ou profissional. Isso vai te gerar engajamento e, consequentemente, mais curtidas e vendas para o seu negócio — ou seguidores fieis ao seu conteúdo.

Não estou aqui criticando a tendência da atualidade. Ter uma presença digital é indispensável se você pensa em crescer, mas o questionamento é que precisamos ir com calma para que isso não afete nossa saúde mental. Às vezes nos cobramos tanto para produzir conteúdo para postar — vídeos, fotos, informações relevantes, stories, textos e por aí vai — que isso acaba criando uma pressão incontrolável. Logo, essa pressão pode virar frustração porque não tivemos o engajamento que esperávamos do público.

Você, assim como eu, já deve ter criado aquele conteúdo incrível para postar, mas, quando saiu, viu que não teve tanto retorno. Aí vem a frustração. Onde está o erro? No conteúdo que poderia ter sido produzido melhor? No público? Nas suas estratégias? Pode ser qualquer uma dessas coisas ou um pouco de cada. Mas também pode ser ansiedade. O que a gente esperava de volta? Milhares de curtidas? Comentários infinitos?

Talvez estejamos nos cobrando demais e não percebemos os pequenos passos (como falei nesse texto). Não precisamos ter milhares de likes para nos sentirmos bem. De pouco em pouco, chegamos lá. Apenas respire fundo e não se cobre tanto. Faça o seu melhor, mas não sacrifique sua saúde mental por isso. Tenha paciência e vá sem muitas expectativas.

Aprendemos a nos alimentar de likes. Quanto mais, melhor. Mais populares somos. Mais status temos. Nos sentimos queridos e rodeados de pessoas. Mas e a vida fora do digital? A companhia em carne e osso? Os abraços calorosos? O beijo apaixonado? O contato humano físico? A praia com os amigos? Aquele momento simples com uma pessoa que amamos? Será que é possível aproveitá-los sem fazer uma postagem com “textão”?

Ah, mas, Vinícius, você está falando tudo isso e pedindo nossa curtida aqui nesse texto. Não curta se você não quiser (eu vou tentar não ficar esperando pelos likes aqui nesse texto). Mas leia e entenda as palavras, reflita sobre elas como eu tenho refletido com relação à minha própria ansiedade nessa busca incessante por engajamento. Afinal, a vida fora do digital ainda existe. A vida sem likes pode ser tão bela quanto um filtro do Instagram. Basta a gente querer vivê-la.


 

O autor - Vinícius Fernandes


Moro em São Paulo, sou membro da Sonserina e escrevo livros com protagonistas LGBT+. Autor de Caminho Longo e Graham - O Continente Lemúria. Fui finalista do prêmio PapoMix da Diversidade em 2014 com Graham - O Continente Lemúria e quero que minhas histórias ajudem a fazer um mundo melhor, mais empático e mais justo para as minorias.


58 visualizações1 comentário

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1 則留言


anaclarabarreiros
2020年12月31日

Eu AMEI essa reflexão!! É isso!! Eu tenho sentido muito essa ansiedade pelo retorno. A gente as vezes na internet perde a conexão humana no meio de todos os pedidos por likes e compartilhamentos. Os números roubam a cena e ficamos no final desconectados uns dos outros. Eu sinto falta da troca 🥺

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