Eu tenho pensado muito na morte ultimamente. O número de casos fatais durante essa pandemia tem me feito refletir bastante sobre isso. Mais de uma vez por dia, minha mente vagueia imaginando como seria o resto do mundo se eu morresse hoje. Como ficariam meus amigos e familiares? O que eu deixaria para eles? Pelo que eu seria lembrado? Meus trabalhos publicados seriam esquecidos aos poucos ou se eternizariam, já que autores mortos parecem ter uma grande simpatia do público?
Acho que todo mundo alguma vez já deve ter se pegado pensando nas mesmas coisas. A morte é um dos grandes mistérios da humanidade e, consequentemente, algo que nos intriga. Embora muitas religiões tenham seus pontos de vistas sobre o que vem depois, a verdade é que ninguém sabe ao certo. A única coisa da qual temos plena certeza é do agora, do que temos aqui e do que queremos deixar quando chegar nossa hora de partir.
Será que vale a pena mesmo passarmos a vida acumulando fortunas e bens materiais, dos quais nada levaremos? Já me questionei centenas de vezes: devo usar minhas economias para comprar uma casa, um carro ou devo sair para conhecer o mundo e acumular experiências? Será que vale a pena guardar sentimentos ao invés de expressá-los? São muitas dúvidas que muitos de nós temos — o que estamos fazendo da vida? O que temos que fazer? Para onde ir? —, mas creio que todas se resumem em “por que estamos aqui”?
Tem uma música do Jason Mraz da qual eu gosto (Love is Still the Answer). A letra diz algo como: “a pergunta que eu farei no fim do meus dias será: o que eu doei, e o que vou levar?”. Acho que todas as respostas das reflexões desse texto se resumem em seu título: o amor. O amor é a resposta.
Falar de amor parece clichê, mas não é. Nessa vida a gente vai cair e se machucar, mas vamos nos levantar. Talvez vamos cair mais do que gostaríamos, entretanto, devemos sempre doar o que há de melhor na gente. Sermos gentis, amar mais as pessoas, parar de perder tempo guardando sentimentos que não nos fazem bem. Se você ama, diga. Se está triste, diga. Se não está satisfeito, diga. Acampe com seus amigos, se divirta com sua família, com as pessoas que te fazem bem. Compartilhe experiências. Viaje. Sorria. Corra. Tome chuva. Um banho de cachoeira. Caia. Se machuque. Se levante e faça tudo de novo.
Não sabemos quando chegará nossa hora. Pode ser daqui 50, 60, 100 anos. Mas pode ser também daqui a horas ou dias. Eu tive que começar a viver numa pandemia para entender que somos finitos e que o acaso não perdoa. Como disse a Pitty em “Semana que Vem”, não deixemos o tempo passar, pode ser que a gente nem tenha um amanhã, não é mesmo? Um dia vamos partir, o mundo vai seguir em frente e seremos somente memórias. Portanto, mais do que acumular bens materiais ou arrependimentos, acumulemos sorrisos, lembranças e bons momentos.
Isso a gente leva. O resto não.
O autor - Vinícius Fernandes
Moro em São Paulo, sou membro da Sonserina e escrevo livros com protagonistas LGBT+. Autor de Caminho Longo e Graham - O Continente Lemúria. Fui finalista do prêmio PapoMix da Diversidade em 2014 com Graham - O Continente Lemúria e quero que minhas histórias ajudem a fazer um mundo melhor, mais empático e mais justo para as minorias.
Adorei as reflexões que trouxe!
Amei. Mensagem importantíssima!! Me lembrou aquela frase que tem circulado... algo nas linhas de “se você soubesse quão rápido seria esquecido, o que teria feito?”
E é isso, né... Vamos amar sem moderação. Não sabemos qual será o limite!